O mestre não é um contador de histórias nem um animador de festas. Não é um ilusionista, manipulando emoções, muito menos o responsável pela imersão, engajamento e diversãode todos. Ele tem outra missão.
A primeira função do mestre no Oil Fantasy é criar um bom desafio. Isto é o que justifica seus poderes, que são diferentes dos poderes dos outros participantes. Sejam problemas que perdurem por todas as sessões do jogo, conflitos gerais ou encontros específicos, desafiar a galera é o que vai guiar ele em sua atuação.
Como o objetivo não é contar uma história e sim propor e superar problemas, queremos os jogadores rangendo os dentes de vontade de resolver os conflitos propostos da melhor forma possível para acessar as recompensas, então para evitar uma dissonância entre a vontade de vencer e a construção de um desafio pra si mesmo, deixamos com o mestre a missão de criar as tretas.
Além disto, escolher o mestre para focar na construção de bons desafios traz alguns benefícios:
- Delimita e desenha de forma mais clara sua atuação
- Promove especialização e atenção dedicada à função
- Abre espaços de interação interessantes no espaço assimétrico entre os participantes
- Permite um preparo mais aprofundado e consistente dos obstáculos e oportunidades
- Promove um processo de exploração do mundo de aventuras através de sutilezas do diálogo criativo
Neste ponto, o mestre controlador deve estar esfregando as mãozinhas pensando: "Mwahuahua Se eu posso controlar tudo pertinente ao desafio, agora é só dizer que absolutamente tudo diz respeito a ele, e assim não ver mais limites ao meu poder!"
Para evitar isto, precisamos dar parâmetros objetivos do que é um bom desafio. Uma vez atendidos, o mestre tem total liberdade para tomar decisões e exercer com conforto sua arbitrariedade, construindo uma relação lúdica conhecida e saudável.
O bom desafio passa por restrições, em respeito à agência do jogador, e por requisitos formais que lhe sustentam.
Restrições relativas a agência:
- Não deve haver problemas sem solução possível
- Nenhum desafio deve vir desacompanhado de oportunidades sinalizadas
- Os desafios não virão sem oportunidades e perigos paralelos
- Um bom desafio não mitiga uma amplitude de soluções
- A agência dos jogadores jamais deverá ser vandalizada pelo desafio como construído
Requisitos formais:
- Propõe situações complexas e decisões difíceis
- Guarda verossimilhança com o mundo de aventuras
- Utiliza as ferramentas e estruturas conhecidas do jogo para parametrizar chances e oportunidades
Estes pontos atendidos, sua atuação ficará bem desenhada e estimulará uma relação lúdica mais tranquila e clara para todos, permitindo emergência de estilos pessoais. Vamos tocar nestes requisitos técnicos do bom desafio nos próximos pontos.
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