Manifesto Oil Fantasy #08: Promovendo amplitude de soluções pt.02 - Soluções inadequadas e Consistência de Desafio

Jó e seus amigos, por Ilya Repin

Já vimos como ter uma postura aberta quanto a soluções diversas por parte dos jogadores é importante, mas não ficou claro quando os mestres devem determinar que suas soluções podem não funcionar. Afinal de contas, se isso não for parametrizado, continuamos tendo que adivinhar os pensamentos do mestre-esfinge e, se tudo for possível, não faz diferença a decisão do jogador.

Vamos dar uma olhada em parâmetros e boas práticas para pautar quais decisões não funcionam?

Para começar, vamos delimitar quando pode haver falha na ação que o jogador declarou para resolver um problema?

 

Quando a solução apresentada não resolver problema de acordo com o contexto e parâmetros específicos do desafio, conforme elaborado.

Jogador: "Oh Lord Solar, trago aqui o elixir da vida como uma oferenda de grande valor, em troca da libertação de minha filha. Que ela conheça a noite!"
 
Mestre: O Lord Solar e sua presença incandescente pulsa perante seus olhos. Uma voz titânica te arrebata. Suas palavras revelam: ele esteve presente no início dos dias e estará presente no fim dos tempos, e já tem a vida eterna. Você precisará oferecer outra coisa. Ele está aberto a apenas mais duas ofertas.
 
Aqui, imagine que o mestre já mencionou, em sessão, meia dúzia de vezes esta qualidade do Lord Solar com os exatos dizeres sobre o início dos dias e o fim dos tempos. A oferta não resolve a negociação. O jogo continua, de todo jeito, e o jogador terá oportunidade de ser criativo antes do Lord Solar se cansar de sua mundana presença. 
 
O mesmo princípio se aplica a tentar cegar uma criatura que não opera pela visão, exorcisar uma criatura que não é um morto-vivo ou um ser demoníaco ou oferecer em uma barganha uma informação que o personagem já tem ou não tem o mínimo interesse.
 
Aqui, temos uma questão relevante: o mestre poderia exercer controle infinito sobre os parâmetros específicos do seu desafio e mudá-los para dizer quando uma solução fosse adequada ou não, tirando impacto da criatividade dos demais participantes.

Pode parecer estranho, mas muito DM usa deste expediente para controlar ritmo de jogo ou para garantir que seus desafios só serão superados quando ele achar mais divertido para todos à mesa. Mais uma vez, um caso em que ele alarga seus poderes e acaba assumindo responsabilidades ingratas que não são seu papel, pelo menos em Oil Fantasy: divertir o grupo, pautar ritmo do jogo, etc.
 
Mas como solucionar isto? 
 

Consistência do Desafio

Lembra que falamos em um momento anterior que os jogadores devem informados e serem capazes de buscar detalhes sobre os perigos e oportunidades à frente? Quando o mestre não sonega as informações básicas nem aliena os jogadores de investigarem mais, o contexto vai sendo revelado e solidifica os parâmetros do desafio na ficção.

O ideal é que se algo não funciona, os jogadores possam reexaminar o contexto e entender por que não funcionou. Caso sejam surpreendidos por alguma informação que não colheram, é importante que fosse alcançável e que faça sentido dentro do contexto.

Se o contexto não negar a solução apresentada pelo jogador, ela é adequada e deve funcionar. Isso diminui imensamente o espaço de abuso do mestre e permite que eventuais derrapadas sejam abordadas com mais clareza depois da sessão, conforme aumenta a transparência do jogo.


Em seguida, vamos examinar soluções absurdas e impossíveis.
 
 




Comentários

Postar um comentário