Recapitulando, nós vimos que, de forma geral, a postura do mestre de Oil Fantasy é a de aceitar as soluções dos jogadores aos seus desafios, exceto em alguns casos, que parametrizamos para uma relação crativa mais sadia entre todos os participantes.
Já falamos de soluções inadequadas, de soluções absurdas e agora vamos falar de soluções que dependem do gasto de recursos, uso de tempo ou o uso de algum item específico, que no fundo são contratempos.
Quando o jogador declara uma ação que, de fato solucionaria o problema, mas que precisa de algo a mais para fazê-la funcionar, há um contratempo que, para ser superado, vai demandar o uso de um item, recurso, caso o jogador não resolva mudar sua abordagem.
Uso de Item
Para mover uma laje de pedra que bloqueia a passagem para uma tumba, por exemplo, pode ser que não haja pega ou que o personagem não seja forte o suficiente para isso, mas mediante o uso de um pé de cabra, ou algo improvisado que cumpra o papel de uma alavanca, possa ser feito. Pode ser que o jogador resolva tomar outro curso de ação e tentar marretar a laje até que ela quebre por completo ou rache, por exemplo, mas no caso ele abandonou a solução anterior, que era mover o bloco de pedra e o jogo segue.
Além de ser necessário que o jogador tenha o item ou recurso notado em seu inventário, o mestre deve explorar o processo de superação deste obstáculo no desafio, afinal ele vai fazer o seu pior para que os jogadores dêem seu melhor, levando em conta a integridade do instrumento e eventual tempo gasto para tê-lo em mãos e utilizá-lo.
O jogador pode utilizar uma corda para içar uma arca cheia de moedas de ouro, mas dependendo do peso deste butim, pode ser que a corda se rompa lá do alto, fazendo o tesouro despencar e se espalhar pela região. Pode ser também que, mesmo sem romper, a corda fique frágil para os próximos usos.
É importante também arbitrar o tempo a ser gasto para se improvisar uma corda a partir de cipós. A facilidade de arrumá-los na região e a dificuldade de trançá-los devem informar quantas horas serão necessárias para que se possa utilizar o item.
Uso de recursos
Para você estabelcer uma via de escalada pela pedra, além das cordas, é necessário usar cravos de metal. Para atravessar ao longo de vários dias uma planície, em viagem, é necessário ter consigo comida e água, ou arrumar um jeito de obtê-los durante a viagem. Pode ser que, fugindo de lobos, você consiga criar uma boa distração jogando aos animais um pedaço de carne temperada que tinha separado para assar à noite, com a caravana. O número de balas em um revólver pode fazer a diferença em determinado enfrentamento. Quanto de grana você tem em seus bolsos.
A gestão de recursos é uma ferramenta muito relevante para construção de desafios e é importante que haja registro de quantidades, carga, doses e outros dados relevantes para que seu uso e manutenção representem decisões de impacto no jogo, por parte dos jogadores.
Não ter determinados recursos também é algo que pode levar a situações mais extremas, de forma que seja necessário buscá-los o quanto antes para que não haja um escalonamento dos problemas. É o caso de água e comida numa viagem pelos ermos. Não tê-los para consumir pode gerar prejuízos à saúde, ao ritmo de viagem e outras consequências que levam o desafio a uma espiral dramática, de forma que os jogadores voltem a gastar seu tempo e até assumir riscos em busca do que falta.
Tempo e saúde como recursos
Em termos de jogo, tempo e saúde também podem ser encarados como recursos se forem quantificáveis, e servem também de parâmetro para proposição, percepção e superação de desafios.
Pode ser que uma escalada muito íngreme muito íngreme e difícil possa dilapidar algum atributo de constituição, ou que o jogador possa negociar tomar um dado de dano na saúde de seu personagem ao cair de seu cavalo, para não ter de largar suas armas na queda. É possível que, com o gasto do tempo necessário, um obstáculo possa ser superado sem gasto de recursos, uso de um item específico ou risco assumido. O uso de um item ou recurso pode também diminuir o tempo necessário para realizar algo. Tudo vai depender de como a ficção se desenrola e a negociação no diálogo criativo entre mestre e jogadores.
Aliás, assumir um risco pode ser algo necessário para superar um desafio de determinada forma, com particularidades que merecem ser abordadas na próxima parte deste tópico 9 do Manifesto Oil Fantasy, a seguir.
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