Nós humanos nunca fomos os animais mais rápidos, mais fortes ou
mais resilientes. Chegamos ao topo da cadeia alimentar e, desde
então, também domamos os perigos da natureza. Toda essa ampla
assimetria de forças, normalmente muito mais poderosas do que nós,
acaba por ser equilibrada através de uma característica única: a
nossa criatividade. Vamos trazer esse papo pro jogo?
Equilíbrio
É comum ver nos jogos atuais, sejam eles de mesa ou digitais, uma grande preocupação com equilíbrio. Os personagens devem se expostos a desafios que se equiparem com suas capacidades atuais. A dificuldade só se eleva junto à aptidão dos “protagonistas”, enquanto nas raras vezes que diminui, acaba por privar de sentido os obstáculos. Dentro dos RPGs modernos esse modelo de design parece ser a regra, com personagens cheios de recursos poderosos, atributos inflados, cada vez menos humanos e mais sobre-humanos, para que esses possam, principalmente, se equipararem aos seus inimigos de qualidades épicas.
Aqui é mais um ponto onde o Oil Fantasy veleja por ventos contrários. O equilíbrio não chega através da simetria forçada de números e recursos entre desafios e desafiantes, mas sim através de um design assimétrico que dialoga muito mais com verossimilhança do que com equiparações numéricas e equivalências mecânicas.
O equilíbrio do jogo jogado
A opressão natural da alta dificuldade do jogo rolado no dado traz à superfície o jogo jogado. No desejo de evitar a punição dos dados que os detalhes do mundo ficcional tornam-se muito mais nítidos, vindo espontaneamente para o primeiro plano, onde adversidades mundanas e épicas tornam-se relevantes. O equilíbrio é informal e ocorre na esfera dinâmica do jogo.
Modelos simulacionistas buscam integrar em uma coisa só o mundo ficional e o jogar, aprofundando o como das coisas acontecerem, porém a busca por constante ampliação do espaço de regras para cobrir uma diversidade de possibilidades, acaba criando abstrações mecânicas e muitos subsistemas que também deslocam o jogo da ficção. Na Oil Fantasy, porém, pensamos a partir de uma coleção enxuta de regras que não se expande. Elas trabalham a materialização do mundo de aventuras fornecendo parâmetros para o diálogo criativo e, em casos extremos, arbitragens e mecanismos de resolução, atuando muito mais no espaço dinâmico do que mecânico do jogo.
Não é força, é jeito
Existem várias características técnicas correlacionadas à noção da dificuldade, e também decorrentes dela, que estão sendo abordadas com mais profundidade no Manifesto Oil Fantasy, mas não deixa de impressionar em como a natureza do RPG como mídia possibilita caminhos tão distantes em jogos que, por fora, se assemelham tanto. Não são somente as regras e mecânicas, como acionadas diretamente, que propõe jogo.
De qualquer maneira, na próxima vez que te falarem que os personagens no Oil Fantasy são fracotes, lembre-se que humanos nunca foram os animais mais rápidos e ágeis, e que no estilo de jogo que propomos, a engenhosidade humana tem mais espaço que a força bruta. Quanto você tem deixado isso de lado em seus jogos?
Esta pintura a óleo de um homem puxando em equilíbrio de forças "F = m*a" é muito interessante! O que ele puxa??? A imaginação pinta o resto.
ResponderExcluirhahahahaha curti a observação
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